Rabiscos, rascunhos, mal-traçadas linhas...

Geralmente não escrevo exclusivamente sobre minha vida, ou pelo menos, sobre algo que não tenha passado com mais ninguém além de mim. Mas após seis meses de abstinência verbal, nada mais justo do que contar o motivo de tamanha ausência...
Nesses meses, tudo o que escrevi, não passou de um relaxado esboço do que realmente queria dizer.

Uma vez me disseram que a felicidade atrapalha a inspiração, pode ser...

Está tudo transformado, passando numa velocidade gritante. Agora é tarde. Não posso vivenciar novamente os fugazes e maravilhosos últimos seis meses. Posso dizer que conheci outro mundo, outro povo, atravessei oceanos, e tudo isso literalmente. Experimentei sensações jamais sentidas, deliciosas, cheias de adrenalina. Entrei num vulcão, vi neve, vi o Papa, falei outras línguas, vi canhão, vi ilhas, vi até desfile de escola de samba. Conheci mais pessoas em seis meses do que em todo o ano passado, e o retrasado também. Pessoas de países que jamais pensei visitar, e que hoje estão na minha lista de “próximas viagens de férias”. Participei de um amigo-oculto quase no carnaval. Larguei um emprego, arranjei outro e voltei a estudar. Conversei com meus velhos e bons amigos (graças a Deus), mantive a escalação do meu time (mesmo que seja mais difícil reuni-lo do que a seleção brasileira). Pessoas nasceram, engravidaram, casaram, separaram, perderam emprego, arrumaram emprego, morreram. Daqueles que sentia falta há seis meses, nem lembro mais. Quem eu nem sabia que existia há seis meses, hoje não sei viver sem. Minhas teorias caíram todas por terra quando me vi em determinadas situações. Descobri em mim uma paciência que nem sabia possuir. Nada é certo, nada é errado e eu amo muito tudo isso!
Foi um turbilhão! Seis meses que, mesmo sem escrever, me tomaram por completo, me preencheram, me consumiram com a violenta força da vida bem-vivida, da vida aproveitada, do sonho realizado, do amor pelo novo, pelos amigos mantidos e os recém-feitos, pelo MEU time, tão perfeito e tão maravilhoso que, mesmo de longe, me acompanhou nesse processo de total transformação.

Aquela mulher de seis meses atrás deixou de existir. Mas essa aqui também terá milhões histórias pra contar.
Que venha a inspiração!!!