Mari e Fabi

Em janeiro, eu perdi uma amiga de toda a vida. No dia do enterro, eu só conseguia pensar no monte de coisas que ainda não fizemos, e que não faremos mais. Daí, escrevi uma cartinha de despedida pra ela.

"Para Fabi:
Amiga, me desculpe por não ter conseguido ingresso pro cinema semana passada
Me desculpe por ter ficado com preguiça de sair contigo sábado e por ter sumido no domingo, mesmo tendo passado pertinho da sua casa
Me desculpe por ficar quase 4 anos sem dar notícias
Mas eu nunca esqueci você
Obrigada por ter ido comigo à Disney (minha primeira viagem internacional)
Por ser madura desde sempre
Por estar em todas as fotos da minha adolescência e todos os acontecimentos importantes
Pelo sorriso, pelo carinho, pelo cuidado
Por me dar as primeiras flores que recebi na vida
Como assim, garota? A gente ainda nem casou de véu e grinalda...
Nem tivemos filho, nem vimos Avatar, você nem viajou de férias, nem usou seu passaporte...
Esqueceu que a gente ia fazer reunião de todas no meu aniversário?
Esqueceu que a gente ia encontrar a Ju no Downtown e conhecer o apartamento dela?
Poxa, é o décimo sexto ano de amizade. 16 anos, uma vida. Mais anos com você na minha vida do que fora dela.
Eu sempre te vi tão frágil e tão bonequinha que sei que nunca te abracei com a força do amor que sinto por você. Tinha medo de te quebrar.
Como assim, garota? O que você tá fazendo aí? E tudo que a gente ainda ia viver?
'Qualquer dia, amiga, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amiga, a gente vai se encontrar...'"